"Você é filho de um mercenário, não precisa lutar limpo."
Isso era o que meu pai dizia sempre, mas eu nunca o obedeci. Ele fazia aquela cara emburrada, mas era fingimento. Ele tinha orgulho de eu ter me tornado paladino de Tyr.
Sou o terceiro filho homem de 7 filhos, o filho homem mais novo. Todos descendentes de um casal de mercenários. Minha mãe era mais aventureira, mas como meu pai Dário dedicava completamente sua vida em duas coisas - namorar minha mãe e combater, Lírian largou a vida de exploradora de masmorras para nos criar, enquanto acompanhava meu pai em seus contratos de guerra.
Desde pequenos, tivemos um contato muito próximo com combates, sangue e morte. Não foram poucas as vezes que não faço a mínima ideia como sobrevivemos, pois nem sempre meu pai escolhia o lado vencedor.
Tirando o lado ruim da guerra, tivemos a oportunidade de conhecer vários lugares. Essa paixão de viajar me foi herdada. Acredito que Rundolph, o segundo irmão, também tenha herdado, afinal, foi o primeiro a "abandonar" a família após a juventude. Segundo ele, queria ser comerciante, mas foi uma clara desculpa para ele conquistar o coração de Alícia, minha cunhada elfa do sol.
Pouco tempo depois, a nova missão de meu pai nos levou ao Vale Alto. Lembro vagamente o motivo, deve ter sido uma luta entre o conselho local e um burgomestre Sembiano, sabe-se lá qual motivo esse burgomestre tinha. Devíamos guardar uma trilha junto de um grupo de mercenários, pois lá passava os suprimentos das tropas do Vale. Alguns dias de trabalho depois, nos deparamos com uma forte tropa inimiga. O burgomestre tinha conseguido arranjar contra a gente uma tropa Zhentarim com o quádruplo de soldados em relação a nosso grupo.
Derramamos muito sangue, perdemos a maioria dos soldados, mas a vitória estava chegando. Até que o inimigo expôs reféns no campo. Alguém importante para líder do vale, que comandava nossa tropa, estava capturado. Ele deu trégua para nosso inimigo, visando libertá-los. Sembianos são especialistas em negociar, logo nosso grupo ficou aguardando horas e horas por uma decisão. Relaxamos. A noite chegou e a maioria de nós decidiu dormir, afinal, nenhum dos grupos iria lutar mais aquela noite
Nunca esqueço dessa madrugada. Do nada, um ancião caolho me acordou e disse: "prepare-se, vocês estão sendo enganados. Você precisa avisar aos outros, se vocês cairem aqui, uma vila será massacrada e uma grande injustiça será cometida. Não se desespere, eu te ajudarei".
Quando me levantei, o ancião desapareceu, mas acordei meu pai e meu irmão mais velho, e tentei convencer os demais. Fui xingado, enxotado e alguns dos nossos nem se deram o trabalho de abrir o olho e ouvir o que eu tinha a dizer. Partirmos com os poucos voluntários que conseguimos. Quem ficou, morreu quando antes de amanhecer, uma tropa de apoio do burgomestre marchou contra os soldados. A negociação servia apenas para conseguir tempo e depois soubemos que os sembianos não pouparam os reféns.
Chegamos na vila, mas não houve tempo de evacuá-la, a tropa zhentiram marchava até nós. Lutamos por alguns minutos, mas em breve iríamos encontrar os deuses. Mas Tyr, o Ancião Caolho, nos ajudou. Uma revoada de grifos retalhou os inimigos e nos salvou.
Era a hora de retribuir. Me despedi de meus pais e irmãos, e peregrinei até o templo da Tríade em Waterdeep. Após alguns anos, subi nos ranques da nossa religião e fui enviado para Daerlun, para cuidar do templo de lá. Assim voltei ao meus velhos tempos de aventureiro.
Chegando em Daerlun, encontrei uma guerra de fronteira entre imigrantes cormyrianos fugindo da Guerra Goblin e bandoleiros, comerciantes e nobres sembianos (na maioria das vezes, eles eram todas essas coisas) buscando conquistar território. Mesmo atuando do lado sembiano da fronteira, seria pecaminoso apoiar abutres que se alimentam de desespero humano.
Como tinha um templo para administrar e a possibilidade de construir um novo santuário, busquei apoio num grupo de aventureiros comprometidos com o bem, chamados de Campeões de Arabel. Após um acordo com o prefeito local da cidade de Kulta, conseguirmos uma nova sede para os aventureiros - já que Arabel, na época, estava nas mãos de uma dragoa vermelha e seu exército goblinóide - e eles passaram a ser chamar de Campeões de Kulta. Alguns anos depois, essa sede se tornou o templo onde habito.
Quando a Guerra Goblin acabou e tudo parecia ser encaminhar bem, tive que lidar com duas crises marcantes, uma religiosa e outra pessoal. O Burgomestre de Daerlun exigiu o fechamento do santuário de Sune, por considerar "um antro de devassidão". Nosso sumo sacerdote decidiu abrigar secretamente os devotos e clérigos de Sune em nosso abrigo, o que levou ao cisma. Coube a mim, mesmo apoiando o acordo entre as religiões, trazer a paz entre as duas correntes de Tyrianos, levando os dissidentes comigo, para o futuro templo de Tyr em Kulta.
Já a crise pessoal envolvia meu irmão mais velho, Aaron Avalon. Depois que meu pai se aposentou, ele criou um centro de treinamento de combatentes e uma escola de magia, cujos alunos aventureiros ajudavam os Vales. Infelizmente, a escola foi atacada por drows e ele faleceu, se sacrificando para salvar os aventureiros mais jovens. Fui buscá-los e fiz um acordo de união dos Campeões e esses novos aventureiros, os Flechas Prateadas, chamados assim em homenagem a meu irmão, conhecido por Aaron Flecha Prateada. Nesse grupo, acabei conhecendo minha esposa, Raíssa, o único amor de minha vida, sem contar a minha fé.
Sou o terceiro filho homem de 7 filhos, o filho homem mais novo. Todos descendentes de um casal de mercenários. Minha mãe era mais aventureira, mas como meu pai Dário dedicava completamente sua vida em duas coisas - namorar minha mãe e combater, Lírian largou a vida de exploradora de masmorras para nos criar, enquanto acompanhava meu pai em seus contratos de guerra.
Desde pequenos, tivemos um contato muito próximo com combates, sangue e morte. Não foram poucas as vezes que não faço a mínima ideia como sobrevivemos, pois nem sempre meu pai escolhia o lado vencedor.
Tirando o lado ruim da guerra, tivemos a oportunidade de conhecer vários lugares. Essa paixão de viajar me foi herdada. Acredito que Rundolph, o segundo irmão, também tenha herdado, afinal, foi o primeiro a "abandonar" a família após a juventude. Segundo ele, queria ser comerciante, mas foi uma clara desculpa para ele conquistar o coração de Alícia, minha cunhada elfa do sol.
Pouco tempo depois, a nova missão de meu pai nos levou ao Vale Alto. Lembro vagamente o motivo, deve ter sido uma luta entre o conselho local e um burgomestre Sembiano, sabe-se lá qual motivo esse burgomestre tinha. Devíamos guardar uma trilha junto de um grupo de mercenários, pois lá passava os suprimentos das tropas do Vale. Alguns dias de trabalho depois, nos deparamos com uma forte tropa inimiga. O burgomestre tinha conseguido arranjar contra a gente uma tropa Zhentarim com o quádruplo de soldados em relação a nosso grupo.
Derramamos muito sangue, perdemos a maioria dos soldados, mas a vitória estava chegando. Até que o inimigo expôs reféns no campo. Alguém importante para líder do vale, que comandava nossa tropa, estava capturado. Ele deu trégua para nosso inimigo, visando libertá-los. Sembianos são especialistas em negociar, logo nosso grupo ficou aguardando horas e horas por uma decisão. Relaxamos. A noite chegou e a maioria de nós decidiu dormir, afinal, nenhum dos grupos iria lutar mais aquela noite
Nunca esqueço dessa madrugada. Do nada, um ancião caolho me acordou e disse: "prepare-se, vocês estão sendo enganados. Você precisa avisar aos outros, se vocês cairem aqui, uma vila será massacrada e uma grande injustiça será cometida. Não se desespere, eu te ajudarei".
Quando me levantei, o ancião desapareceu, mas acordei meu pai e meu irmão mais velho, e tentei convencer os demais. Fui xingado, enxotado e alguns dos nossos nem se deram o trabalho de abrir o olho e ouvir o que eu tinha a dizer. Partirmos com os poucos voluntários que conseguimos. Quem ficou, morreu quando antes de amanhecer, uma tropa de apoio do burgomestre marchou contra os soldados. A negociação servia apenas para conseguir tempo e depois soubemos que os sembianos não pouparam os reféns.
Chegamos na vila, mas não houve tempo de evacuá-la, a tropa zhentiram marchava até nós. Lutamos por alguns minutos, mas em breve iríamos encontrar os deuses. Mas Tyr, o Ancião Caolho, nos ajudou. Uma revoada de grifos retalhou os inimigos e nos salvou.
Era a hora de retribuir. Me despedi de meus pais e irmãos, e peregrinei até o templo da Tríade em Waterdeep. Após alguns anos, subi nos ranques da nossa religião e fui enviado para Daerlun, para cuidar do templo de lá. Assim voltei ao meus velhos tempos de aventureiro.
Chegando em Daerlun, encontrei uma guerra de fronteira entre imigrantes cormyrianos fugindo da Guerra Goblin e bandoleiros, comerciantes e nobres sembianos (na maioria das vezes, eles eram todas essas coisas) buscando conquistar território. Mesmo atuando do lado sembiano da fronteira, seria pecaminoso apoiar abutres que se alimentam de desespero humano.
Como tinha um templo para administrar e a possibilidade de construir um novo santuário, busquei apoio num grupo de aventureiros comprometidos com o bem, chamados de Campeões de Arabel. Após um acordo com o prefeito local da cidade de Kulta, conseguirmos uma nova sede para os aventureiros - já que Arabel, na época, estava nas mãos de uma dragoa vermelha e seu exército goblinóide - e eles passaram a ser chamar de Campeões de Kulta. Alguns anos depois, essa sede se tornou o templo onde habito.
Quando a Guerra Goblin acabou e tudo parecia ser encaminhar bem, tive que lidar com duas crises marcantes, uma religiosa e outra pessoal. O Burgomestre de Daerlun exigiu o fechamento do santuário de Sune, por considerar "um antro de devassidão". Nosso sumo sacerdote decidiu abrigar secretamente os devotos e clérigos de Sune em nosso abrigo, o que levou ao cisma. Coube a mim, mesmo apoiando o acordo entre as religiões, trazer a paz entre as duas correntes de Tyrianos, levando os dissidentes comigo, para o futuro templo de Tyr em Kulta.
Já a crise pessoal envolvia meu irmão mais velho, Aaron Avalon. Depois que meu pai se aposentou, ele criou um centro de treinamento de combatentes e uma escola de magia, cujos alunos aventureiros ajudavam os Vales. Infelizmente, a escola foi atacada por drows e ele faleceu, se sacrificando para salvar os aventureiros mais jovens. Fui buscá-los e fiz um acordo de união dos Campeões e esses novos aventureiros, os Flechas Prateadas, chamados assim em homenagem a meu irmão, conhecido por Aaron Flecha Prateada. Nesse grupo, acabei conhecendo minha esposa, Raíssa, o único amor de minha vida, sem contar a minha fé.
O tempo passava e a construção do templo em Kulta tomava todos os meus esforços. Logo deixei o comando dos Flechas para meu irmão caravaneiro Ruldoph Meias Longas, que gostou da ideia de voltar ao ramo aventureiro.
Por ocasião dos deuses, fiquei viúvo de Raíssa, que não sobreviveu a gravidez de nosso filho. Mas Tyr novamente apareceu em minha vida e me ajudou a levantar. Ele me disse que minha missão de levar a justiça ainda não estava completa. Que eu deveria enfrentar uma escuridão ainda maior que a perda de minha esposa.
Essa escuridão estão vindo e eu estou preparado.
Por ocasião dos deuses, fiquei viúvo de Raíssa, que não sobreviveu a gravidez de nosso filho. Mas Tyr novamente apareceu em minha vida e me ajudou a levantar. Ele me disse que minha missão de levar a justiça ainda não estava completa. Que eu deveria enfrentar uma escuridão ainda maior que a perda de minha esposa.
Essa escuridão estão vindo e eu estou preparado.