quinta-feira, 21 de abril de 2016

Florentis - A Vila e o Clã

Olá, dama ou cavalheiro. É um inestimável prazer para mim, Dário, o Sábio Andarilho, ver o interesse de vossa senhoria sobre o segundo volume falando sobre a história do Reino de Florentis. Sem mais delongas, vamos ao assunto de hoje...

A Vila de Florentis e o Clã


Como lhes escrevi no primeiro pergaminho, não tenho muitas informações histórias e geográficas do local original, mas provavelmente a vila de Florentis originalmente ficava próxima da região mais ao sul da Floresta Cinzenta, na região conhecida hoje como Estepes Gélidas, em Belegard Ocidental. Foi fundada por grupos bárbaros humanos em migração por melhores terras para cultivo. Segundo a lenda original, "os humanos marchavam em direção da floresta buscando um refúgio do frio inclemente, quando avistaram um mar de flores. Mar de flores que nascia de uma terra negra e castigada pelo frio." Pena que esses colonizadores foram enganados. A terra negra era o resultado de alguma atividade vulcânica da região e logo eles perceberam que teriam que se sustentar da caça de animais. O lugar foi chamado de Florentis e a primeira refeição de seus habitantes, segundo o estudioso Emmet, do livro "Belegard, a Terra Santa" foi uma família de urso negros. O caçador que matou o urso macho reivindicou a liderança da vila. Dizem até que fez uma tenda com a pele desse mesmo urso e 10 pessoas dormiram debaixo dela. O primeiro lorde Florentis.

 A vila cresceu com os constantes fluxos migratórios das tribos bárbaras da região. E por assim permaneceu por vários anos. Até que a civilização chegou...

Belegard, a Terra Santa

Com já escrevi antes, meus pergaminhos visam ser a fonte material primária dos Estudos sobre a História de Florentis, mas preciso fazer esse grande parentese para que eu consiga explicar a vocês no futuro como começou a Diáspora. Falemos sobre Belegard.

Belegard é a a região de Tellurius, nosso planeta, formada por vários reinos humanos, que atualmente são um Império só. Humanos porque Belegard é o território natal da raça humana. Ganhou esse apelido de Terra Santa, devidos aos seus inúmeros conflitos  que causaram as cinco guerras religiosas que a região viveu, como a Guerra dos Deuses; A Batalha entre os Celestiais e os Inferiores; A Guerra Santa; A Revolta dos Sem-Fé e A Unificação. Futuramente falaremos sobre essas guerras.

Os reinos chamados civilizados ficavam na região oriental de Belegard, que é separada da ocidental pelo grande e caudaloso Rio Cristal. Ele é realmente um divisor e desafio. Dizem que a tradição de navegação fluvial belegardiana vem daí. Ainda hoje, há poucas pontes que cruzam o leito do Cristal. Aproximadamente 800 anos atrás, não havia nenhuma. Logo o lado ocidental cultivou o barbarismo por vários e vários séculos, com suas tradições diferindo do lado oriental. Isso começou a desagradar os clérigos de Titan, o Senhor da Guerra e os de Kunis, o Guardião do Conhecimento, por motivos diferentes. Os sacerdotes do deus da guerra queriam expandir os reinos de seus senhores, para "uma terra sem donos do outro lado do Cristal". Já os Filhos de Kunis queriam trazer conhecimento e civilização para os bárbaros. Expedições foram enviadas e alguns poucas chegaram a Florentis.

Como em todo encontro de culturas, evoluções e conflitos aconteceram. Mas a civilização começou a vencer. A Vila de Florentis agora tinha construções de pedra, templos, governo e caminhava para ser tornar uma cidade estado. Tudo isso foi posto abaixo pela Guerra Santa.

A terceira guerra Belegardiana será o assunto do meu próximo pergaminho. Eu, Dário, me despeço agora. Aproveitem a dádiva divina de ler de Kunis, nosso senhor!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Diário de Campanha - Mercenários - Capítulo 1: "Nashkel" (Parte II)

Androvani e Justin
Antes de começar a ler, confira a parte I!


O pior final de festa que já vi. Parecia a bagunça de onde acordei drogado. Não, bem maior. Pessoas dormindo. Pessoas deitadas, talvez vivas. Cadeiras no chão, quebradas, fora do lugar. Nenhuma mesa no seu lugar. Gritos, roncos, dor. Lembro que quase uma centena de pessoas foi convencida a vagar por uma floresta escura até essa lona. Callum e seus homens da Lótus Negra já haviam deixado tudo pronto para um grande banquete, regado a uma nova bebida. Lótus Negra, um gosto inicial amargo, mas que escorria doce pela garganta. Dava uma sensação parecida com uma erva halfling que fumei anos atrás. Entorpecia e dava alegria, me fazendo rir por motivo nenhum. Mas sem essa dor de cabeça e perda de memória que sinto agora. As memórias voltam, pouco a pouco, com se uma névoa diminuísse. Estava numa mesa logo na entrada da lona maior, conversando com Androvani, comentando como ganharíamos ouro. A companhia que eu estava interessado em participar estava dando uma festa como essa. Imagine o soldo que eles deveriam pagar. Mas o bardo estava interessado na vida dos outros, é claro e me chamou para prestar atenção. Na nossa frente, um jovem chondathiano discutia com uma ruiva meio elfa da lua. Claramente, uma discussão de casal. Não dava para ouvir o que falavam pela algazarra causada pela bebida e comida abundante. Mas deu para ouvir o passo pesado de um nobre que deu um soco no jovem e carregou a ruiva nos braços. Vendo a meio elfa contente, sendo levada pelo seu novo salvador, me lembrou de alguns antigos relacionamentos meus. Entre risos, fui até o jovem, perguntei seu nome e o ajudei a levantar. Quando ia explicar que nobres de armadura impressionavam moças tolas e por isso, ele tinha perdido sua pretendente, Callum, acompanhado de alguns dos seus homens, nos convidou para uma festa especial, eu, Andro e o rapaz que tinha perdido sua namorada, chamado Leon. Os convidados especiais foram justamente as pessoas que encontrei na tenda menor, quando acordei desnorteado. Mas consegui ver a meio-elfa Alicia... Como eu sei o nome dela? Bem, a vi indo embora a Nashkel sendo carregada nos braços do nobre e sendo acompanhada à distância por mercenários da companhia.

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- Androvani, não há nada que devemos ver aqui, nessa tenda maior. Temos que chegar na feira. Antes que os malditos fujam com nossas coisas.
- Claro, claro! Ficar sem aquele alaúde seria como ficar sem um braço. Mas parece que vamos com companhia.
Os dois companheiros viram quando Leon se aproximou deles. Mesmo com uma cara bastante abatida, o chondathiano acenou afirmativamente com a cabeça, esboçou um breve sorriso. "Os outros pretendem seguir também para a feira lá embaixo". Leon apontou para o grupo reunido alguns metros atrás, um elfo do sol, um bárbaro, um humano de Calinsham, e outros dois humanos chondathianos. "Senhor Justin, eles pretendem ir todos juntos, por segurança. Nenhum deles parece lembrar qual caminho tomaram para chegar até aqui."
Justin suspirou e acenou com a mão para que o grupo o acompanhasse. A única coisa que lhe alegrava naquela manhã foi que o azar que acompanhava seus atos, parecia ter sido compartilhado por muitos. Mas o pensamento alegre foi embora logo quando adentravam no bosque. Uma névoa branca e pesada da manhã preenchia o ambiente. Rapidamente, o grupo estava espalhado e invisível. Mesmo ouvindo as reclamações de alguns deles sobre o que tinha acontecido naquela noite, o tethyriano não teria como localizá-los.
- Você consegue acreditar nisso, Justin? O outro bardo, aquele que estava escrevendo um livro enquanto bebíamos, ele é fanho, hahaha! - mesmo tagarelando, a voz de Androvani chegava abafada, sussurrada aos ouvidos do tethyriano, mas o riso foi ecoado. Se havia algum inimigo naquela mata, aparecia logo naquela cortina branca de orvalho da manhã.
Depois de alguns minutos de caminhada e tropeços em galhos, folhas e raízes ocultas no chão, o clima pareceu esquentar e a luminosidade crescente da manhã fez todos enxergarem um pouco mais do que um palmo de distância do nariz. Os convidados especiais da companhia andavam em dois grupos. Justin, Androvani e Leon agora tinham a companhia na retaguarda de Lírio, uma clériga humana de Tymora de cabelos negros e curtos, da lutadora humana ruiva, de características sulistas - que apresentou rapidamente a clériga e lhes contou que seu nome era Juliet - e de um anão do escudo que tentava acompanhá-los. No mesmo ritmo de caminhada, poucos metros à esquerda estavam o monge humano calishita, o barbaro humano do norte gelado, o bardo alvo das risadas de Androvani, um humano sacerdote e o elfo do sol.
O bardo se sentiu à vontade novamente para falar. "As pessoas falavam, 'Androvani mal leva jeito para batedor de bolsos no mercado, vai passar fome tocando alaúde'. Estou aqui, sem ouro e sem alaúde, mas com certeza sou melhor do que aquele ali. Lembra de quando ganhei o alaúde, Justin?"
- Como poderia esquecer? Desde aquele dia, você me deve sua vida, Andro.

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Tarde da noite. Docas da cidade de Athkatla. Um beco escuro fedendo a peixe, restos das barracas que vendiam isso na manhã do dia anterior. Boêmios cantando uma velha canção de amor. Nenhuma dessas características atraia Justin, o lâmina maldita, para a taverna de reputação sombria chamada Pedra da Sereia. Tinha acabado de receber sua parte de moedas de ouro, na patrulha de uma companhia mercante. Nessa missão, teve que pisar novamente em terras tethyrianas, depois de anos fugindo de sua maldição. Seu azar crônico em nada tinha influído em seu trabalho. Chegava a trazer um leve peso na consciência por ter conseguido ouro tão fácil, sem precisar sacar a espada. Sem sujá-la de sangue. Logo, logo, Tymora, a deusa da sorte ia esquecê-lo e sua maldição cobraria uma taxa.
O Pedra da Sereia era o único local a essa hora da madrugada onde ele não precisaria se preocupar em beber, receber uma facada nas costas e ter todo o seu dinheiro roubado. E parecia realmente agradável, devido a canção que saia por suas janelas. Justin sentou-se à mesa desocupada mais próxima da entrada. O salão da taverna estava repleto de cantores regados à álcool barato, acompanhado a melódica voz da barda que se apresentava. Lídia estava em sua última canção, que tratava de um amor impossível de uma humana e um elfo. Quando a música acabou, chegou o garçom com uma garrafa de vinho de fogo. A primeira golada desceu queimando pela garganta e reacendeu a vontade de Justin de ouvir a voz de Lídia de novo em seu ouvido, em uma cama qualquer de uma taverna barata. Mas ele sabia que ela tinha outro alguém. O tethyriano já sabia disso, quando disse que precisava viajar e lutar por ouro. Era sua vida, depois de perder sua família. Lutar para sobreviver e por dinheiro. Lydia não entendeu isso. Sua recém carreira de cantora os manteria. Ele não acreditou. E foi embora.
"Quatrocentas peças de ouro. Para um homem amaldiçoado, você está rico, 'J'. Hora da coruja. Vou dormir. Aparecendo trabalho, deixo um aviso com o velho Peter. Os rapazes vão beber na Pedra da Sereia. Sua antiga garota canta lá hoje, com um namorado novo, um tal de Androvani. Se eu fosse você, resolvia isso.". Assim disse seu empregador duas horas atrás. Justin andou pelas ruas pensando nas escolhas: dormi num quarto longe do vento frio das ruas ou rever a mulher que ele sabia que não teria em sua companhia. Agora, ele estava lá, separado dos rapazes que trabalharam com ele - bêbados e ainda cantando - em seu terceiro copo de vinho, vendo Androvani, acariciando os ombros de Lydia. O tethyriano conhecia o "tagarela" das ruas, o ladino que abandonou uma guilda para tocar alaúde em tavernas. Havia uma aposta: quantas dezenas de dias levariam para a guilda deixar de ignorar a arte do ladino e jogar seu corpo morto no mar - Justin apostou 5 pratas e palpitou 3 meses.
O quinto corpo fez o lâmina maldita imaginar se ele poderia fazer o serviço para guilda, mas ele parou e notou que um humano encapuzado na mesa mais próxima do palco começou a disputar a atenção de Lydia. O Encapuzado saiu de sua mesa e se sentou junto do casal. Justin riu quando Lydia saiu do colo de Androvani, que se levantou rapidamente e gritou: "você a enfeitiçou, seu maldito!"
- Um mago - o homem amaldiçoado falou para si mesmo - ótimo, num lugar como essa espelunca, nunca é coisa boa. 
Ele se levantou e se dirigiu em direção da mesa onde Lydia estava. A taverna já estava no clima de conflito. O taverneiro se escondia detrás do balcão, os atendentes já tinham corrido para cozinha. Quem já tinha saído rapidamente, gritava por guardas. Quem estava lá dentro, afastava-se lentamente do mago. Os únicos que iam contra a maré eram os defensores da barda.
O encapuzado começou a falar algo desconhecido para todos ali e juntou suas mãos em forma de concha. Suas mãos se incendiaram e depois dispararam um jato de chamas que atingiu em cheio o peito do bardo, com força suficiente para derrubá-lo. Isso fez Lydia sair de um transe e gritar. Justin parou no meio do caminho. Pensava no que estava fazendo, se ele conseguiria derrubar um mago. Magos eram licenciados aqui, na capital de Amn. Ferir ou matar um deles seria garantir uma execução, o tethyriano sabia bem. Mas se ele lançou uma magia de fogo e estava nessa taverna, escondida num canto sombrio da cidade, provavelmente não seria licenciado, ou seja, seria caçado pelas forças locais. Justin se sentia mais confiante com esse pensamento e voltou a avançar. Atrasado por seus pensamentos, nublados pela bebida, o amaldiçoado não notou as mudanças. 
Lydia tinha passado por ele carregando Androvani para fora da taverna. Em sentido contrário, guardas entravam com bestas armadas, mirando ao esmo, sem ainda saber que era a ameaça mágica. Novos gestos, frases estranhas e um cajado de madeira, incrustado de joias azuis, apontado para os guardas. Com sua magia, o encapuzado derrubou a primeira linha de guardas com um relâmpago. "Ela é minha e matarei a todos, se preciso." A calma do mago ao dizer isso gelou o coração de Justin. Ele já sabia que não poderia enfrentar o mago, mesmo vendo alguns dos colegas mercenários decidindo enfrentá-lo. O azar apareceu para cobrar sua taxa e sua antiga mulher não devia pagar por isso.
Ele correu o mais rápido que podia, ao ouvir um novo estrondo, o som do raio caindo na terra, junto com o som de corpos caindo. Durante a formulação da magia, Justin conseguiu ouvir o mago dizer com uma voz gélida: "Lydia, paguei seus estudos, divulguei seu nome e seu talento. Tudo o que você é, deve a mim. volte para mim e não matarei seus namoradinhos." O Tethyriano chegou próximo da barda e ficou entre ela e o mago. Tinha que salvá-la. Ao encarar o encapuzado, viu uma tropa de magos citadinos se aproximarem por detrás deles, prontos para deter o místico não licenciado. Mas não foram rápidos o suficiente.
Justin sentiu seus ouvidos estourarem com o trovão, enquanto sua pele, ossos, músculos queimam e tremiam ante ao poder do relâmpago. Em breves segundos, ele pensou que se sobrevivesse, isso seria heroico o suficiente para ter a barda de volta. Mas ao se virar para trás, ainda sentindo parte da dor de se eletrocutado vivo, lembrou que era amaldiçoado. Em sua frente, apenas havia Androvani agradecendo por ter salvado sua vida e o alaúde de Lydia caído no chão. Assim como ele tinha partido dois meses atrás, a barda o abandonou...

sábado, 9 de abril de 2016

Florentis - Antecedentes

Antes de ler, dê uma conferida no post sobre Florentis!

"Dama ou Cavalheiro, minhas saudações. Obrigado por adquirir esse pergaminho, escrito por mim, Dário, o Sábio Andarilho. Nesse primeiro folheto trago para você, estudante das artes e magia da Universidade de Três Pontes, ou para você, uma pessoa buscando ser mais iluminada de saber, minha própria versão da Introdução dos Estudos sobre a História de Florentis, bem melhor (e mais barata) do que outros livros que se encontram no mercado, principalmente em relação o livro "Florentis - A Verdadeira História do Reino" de Simon Dinis, aquele mentecapto que nunca andou mais de 2 quilômetros de sua casa na capital do reinado em busca da verdade. Desculpe-me por minhas críticas, mas a verdade que eu trago veio de anos de andanças e pesquisas. E escrevi essa verdade nesse pergaminho, por uma mera peça de prata, como podem ver."

FLORENTIS - ANTECEDENTES

"A palavra Florentis possui três significados na história humana em nosso planeta Tellurius."

"O primeiro significado é que Florentis era uma vila humana, localizada em algum lugar na fronteira leste das Estepes Gélidas, em um dos reinos mais ocidentais do Império de Belegard. Basicamente, era uma colônia de bárbaros (para os padrões de civilização de Belegard, devo acrescentar), que vivia dos escassos cultivos de grãos e do comércio de carnes e peles, advindo da tradição da caça de animais de grande porte do vilarejo. Em uma das minhas viagens, busquei a sua localização exata, mas depois de 800 anos, cheguei a conclusão que suas ruínas foram engolidas por uma floresta gelada ou completamente destruída pelo clero do Deus Senhor da Guerra Titan."

"Falando do vilarejo, como era o local insignificante para Belegard, lá não havia uma família nobre. Então, os nativos de lá utilizavam o nome do vilarejo como identificação, como popularmente utilizamos. 'Lá vem John de Florentis', ou 'procurando a herbalista, fale com Dina de Florentis'. Fiquemos com esses dois exemplos. Daí vem o seguido significado. Florentis se tornou o sobrenome da família que liderava o vilarejo, sendo o que o mais importante deles, o que ficou para história, Aethor Florentis, que ficou conhecido como Aethor, o Justo, fundador da Dinastia Florentis. Falaremos dele em outro pergaminho."

"Como já escrevi a pouco, a Dinastia Florentis, que atualmente está em seu trigésimo quinto Rei, Hugo Florentis (e cuja história da dinastia real trataremos em vários outros folhetins), intitulou seu reino ao sudoeste de Belegard, também de Florentis. Florentis ocupa a maior área da antiga região de Tellus, também conhecida como o continente que foi berço natal das raças ancestrais (dragões, anões, elfos e vários outros "monstros", com destaque aos orcs e goblins). O reino de Florentis continua a florescer ainda hoje, ganhando cada vez mais territórios entre essas raças. Detalhes especificos sobre guerras, tratados ficaram para outros pergaminhos feitos por mim, Dário."

"Aguardem novos folhetos meus e se desejarem, deixem sua sugestão dos próximos assuntos que devo abordar, seja falando comigo ou com o proprietário da livraria do reino onde você comprou esse pergaminho. Que a Deusa Mãe Io ilumine suas vidas."

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Diário de Campanha - Mercenários - Capítulo 1: "Nashkel" (Parte I)

Capa da 1º Aventura!
Boa noite, senhores!

Trazemos um novo diário de campanha, de uma nova sessão de aventuras que estou mestrando, no sistema D&D 3.5, no cenário Forgotten Realms. Nessa primeira parte, trazemos a primeira aventura, pela visão de um dos NPCs do grupo, Justin, um guerreiro amaldiçoado de Thetyr. O começo da aventura e uma parte da história desse personagem e seu companheiro de viagens Androvani, você acompanha logo abaixo:

Maldita ressaca. Acordo e minha cabeça gira. Visão embaçada e os ouvidos doendo. Doendo ainda mais por causa de uma discussão. Não entendo o teor, mas entendo o tom de voz.
Apoio meus tornozelos num tapete calimshaniano para tentar me levantar. Isso não parece ressaca, sinto-me entorpecido, como se tivesse sido drogado. Lótus Negra... Esse era o nome da bebida? Olho ao redor em busca de rostos familiares. Reconheço de cara apenas Androvani, o bardo que me acompanha. Ele está envolvido numa discussão com um anão, da sub-raça dos escudos, me parece... Um Cormyriano e uma jovem sulista de cabelos escuros. Continuo não entendendo os que as vozes dizem, mas noto a bagunça no chão.
Uma mesa de madeira destruída, restos de um banquete, pratos sujos, copos de barro semi destruídos e um homem deitado, junto isso tudo. Pelo cheiro ferroso que consigo sentir, entre todo aroma adocicado de lótus negra, espalhado pelo chão, não, espalhado por tudo, o homem está morto. Viro-me para saída desse lugar. Esse lugar é uma tenda? Sim, é. E no caminho para saída, sai de minha boca, uma voz que não parece minha, dizendo ‘isso está acontecendo de novo’.

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 - Hora de festejar, jovem Justin. A família Valorius em breve terá sangue real correndo em suas veias. A nossa família escolheu o lado certo na guerra das casas nobres. Sinta-se um thetyriano orgulhoso!
O tio de Justin, Mark, proferiu essas palavras, orgulhoso, para o jovem soldado. Justin, como seu auxiliar, terminava de lavar a armadura dele, enquanto Mark enrolava uma gaze, no seu próprio braço direito ferido. Poucas horas atrás, eles tinham invadido a casa de uma família nobre contrária ao candidato à rei que a família Valorius apoiava e Justin tinha presenciado seu primeiro massacre. Quando abandonavam a casa que a tropa dos Valorius tinham posto em chamas, o último sobrevivente, um menino da mesma idade que Justin, tentou perfurar as costas de Mark com uma adaga. Seu tio, um veterano de guerra, pressentiu a aproximação, mas mesmo assim, não evitou o ataque completamente e a adaga perfurou seu braço direito superficialmente – num buraco dos elos de sua armadura. Seu atacante não teve tempo de fazer maiores estragos. No mesmo momento, o menino encontrou a morte, sendo atravessado por três lâminas.
O jovem tentava não relembrar tudo o que tinha acontecido no começo daquela noite, mas as recordações estavam vivas. O Tethyriano afastou a mente daquela cena quando uma serviçal lhe trouxe um cálice de vinho de fogo.
- Beba, moleque! – Mark dizia com a voz já embargada pelo álcool – nosso destino é glorioso!
O vinho descia queimando sua garganta. Era sua primeira vez que bebia. Logo, uma leve tontura surgiu, por ter bebido tudo que havia em seu cálice de vez e ele se jogou numa cama limpa. As serviçais riam de sua caminhada cambaleante até a cama e a mais velha delas se dirigiu até ele. “Jovem mestre, você é um soldado, falta ter uma mulher sua para ser um homem de verdade”. As risadas aumentaram, fazendo um eco na sua cabeça, mas ele não conseguia enxergar mais nada direto, apenas sentia a serviçal desamarrando a corda que segurava suas calças, até o mundo apagar...
...e o mundo voltou se acender com uma dor extrema. Justin estava no chão, cuspindo sangue, sem roupa, sendo arrastado por dois homens armadurados. O jovem foi jogado aos pés de por uma jovem de trajes verdes elegantes.
- Senhora Irina, aqui está o herdeiro dos Valorius, o único que ainda está vivo, como vossa senhoria pediu.
Todos mortos, dava para ver pelas expressões horríveis de dor em seus rostos, principalmente na do seu tio Mark. Justin sentia a morte te observando de cima. A morte representada pela mulher de manto verde.
Os dois soldados que o tinham arrastado, agora o erguiam com um leve acenar da mulher. Uma dúvida superava a dor do soco que tinha levado no rosto: será que a morte tem esse bafo doce que vem dela, da senhora Irina.
Irina o encarou, o rosto do único representante vivo da família que tinha massacrado seus parentes no início daquela noite. “Você tem a idade do meu filho, que foi morto na porta da minha casa!”, ela gritou. “Qual o seu nome?”.
Uma resposta tímida e sussurrada: “Justin Valorius”. Ela topou com a palma de sua mão, em sua testa, como resposta.
- Justin Valorius, eu o condeno a andar com um ser amaldiçoado pelo restante de sua vida – um brilho púrpura preencheu a mão de Irina e queimava a testa, trazendo uma dor nunca antes sentida pelo tethyriano – porque a morte não é suficiente para toda a dor que você me causou!

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Lá fora, as últimas horas noturnas partiam, como mostrava aquele horizonte cinza. Ele estava fora da tenda. Em sua frente, o que parecia ter sido cozido naquela noite. Num espeto enorme, do tamanho de uma árvore nova, acima de uma fogueira, estava um cavalo morto, sem sua parte traseira, mas ainda com seus adornos. Um manto semi queimado que trazia um brasão azul que trazia três javalis amarelos.
- Que loucura é essa? A gente comeu esse cavalo ontem à noite? Eu não me lembro de nada. Você lembra-se de alguma coisa? – perguntava o bárbaro nortista que apareceu ao seu lado.
Realmente Justin não se lembrava de nada. Não sabia porque estava ali, dentro daquela tenda. Não sabia porque estava sem sua armadura e sem sua espada longa. Começava a formular em sua mente que o azar, a maldição que tinha recebido quando jovem, na noite do massacre, influía novamente em sua vida, de forma marcante. Se afastou do nortista e tentou reconhecer onde estava. Fora a fogueira onde o cavalo estava, via a tenda e uma pequena trilha marcada de pedras e madeiras que levava morro abaixo, a uma tenda ainda maior. Dirigiu-se a esse caminho, enquanto sua visão se recuperava. À frente, na trilha, viu uma mulher ruiva, escorada num toco de madeira ao final da trilha, poucos metros a frente da tenda maior. Também viu algo interessante, próximo a mulher, que dormia embalando um pedaço longo de madeira nos braços. Cinco homens, aparentemente aldeões, apagados no chão. Enquanto se aproximava desse local, uma barreira de pinheiros, que impedia a visão da planície abaixo, diminuiu de tamanho e Justin pode ver abaixo, depois de um bosque fechado, uma arena vazia para justa de cavalos. No topo de um palco onde os nobres deveriam ficar, balançava ao vento uma bandeira retangular azul, de bordas amarelas e três caras de javalis amarelos. Ele reconhecia o padrão, era o manto do cavalo. O qual ele relembrava agora, o símbolo do lorde governante da casa nobre e do vilarejo de Nashkel.

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- Festival do Plantio, minha comemoração preferida, Justin! Juntando a isso, apresentações, torneios e festejos num vilarejo pacato no sul da Costa da Espada? Melhor coisa não há.
-Androvani, seu palhaço, já te disse que estou aqui a trabalho – o tethyriano respirou fundo e retirou seu elmo. Nashkel era um vilarejo praticamente vazio, com exceção dos poucos viajantes e peregrinos de Helm, em todas as vezes que tinha passado lá antes. Mas agora era um mar de pessoas, carroças, cavalos e rebanhos. O inverno tinha acabado e praticamente quase todos os habitantes do extremo sul da Costa da Espada e do norte de Amn estavam ali para montar barracas, comprar e vender sementes, rebanhos, equipamentos, entre outras atividades. A feira de Nashkel estava para começar. E que melhor lugar para se buscar trabalho como mercenário em uma liga mercante? Era o que Justin se perguntava.
-Estamos! Auu! Esse golpe de cabo de espada quase perfurou minha armadura de couro vagabunda. Ainda bem que me lembrei de não me defender com meu alaúde.
- Cale-se, Androvani! Vamos andando. Você só está aqui pela farra. O que já fiz por você, você já pagou em ouro.
- Nada melhor do que uma feira para eu apresentar meus talentos artísticos e realmente terminar de pagar o que devo. Olha aquela placa de madeira apontando para leste. Está escrito ‘Feira a 15 km’, se não me engano. Fazer a feira longe do vilarejo deve ser um alívio para os servos do Lorde, menos coisas a limpar e menos bandoleiros nas ruas.
- Como se eles deixassem de trabalhar aqui para não trabalhar na feira. Deixe de ser tolo, Androvani – a conversa começava a incomodar Justin e ele sabia que os 15 quilômetros até a feira seriam repletos de mais comentários tolos, ensaios de canções recém-aprendidas e paradas para conversas, pelo seu companheiro de viagens Androvani. Pelo menos, ele abordava os transeuntes e o tethyriano ficava ouvindo atentamente suas conversas, para conseguir as informações que desejava. Uma delas o interessou pessoalmente.
Meia hora de caminhada depois, a Feira se apresentava num grande descampado. Pequenas barracas de vendas e jogos – inclusive um adivinho – para um lado; no outro lado, estábulos, tendas de acampamento, carroças, locais para dormir; e seguindo mais a leste, as principais atrações: o pavilhão dos nobres amnianos e convidados; assim como três arenas, uma para combate, outra para exibições com armas e desafios arcanos, e a última arena, o orgulho do lorde da região, a arena de justas para cavalos.
Somente um local te interessava, onde estaria a maior companhia mercante do evento. Pelo nome dado pela moça loura que Androvani parou alguns momentos para flertar no caminho, a companhia se chamava Lótus Negra. Precisava localizá-la na parte de alojamentos, ou seja, descobrir as duas grandes carroças com o símbolo de uma flor desabrochada negra pintada em madeira. A busca não foi difícil, mas a conversa com um de seus soldados deixou Justin um pouco decepcionado. O soldado lhe disse, um pouco grosseiramente, que quanto ao trabalho, devia falar com seu líder, Callium, que não se encontrava ali. Afirmou que voltaria à noite.
 Androvani faria ele conhecer cada recanto daquela feira pelo restante do dia, enquanto Justin esperava e não prestava atenção. Sua reserva de moedas de ouro estava se esgotando e era hora de partir para um lugar mais longe de sua terra natal. Ali ainda era próximo o bastante. Logo ao anoitecer, na hora do morcego, Justin se dirigiu para onde tinha encontrado previamente o soldado. No lugar dele, encontrou uma pequena multidão reunida em frente de uma das carroças da companhia. Em cima dela, um elfo dourado careca, vestido de roupas finas e escuras, falava com a multidão.
- Senhores, eu sou Callium e falo em nome da Companhia Lótus Negra. Viemos aqui apresentar uma nova bebida, uma cerveja apelidada do nome de nossa companhia, para todos vocês, participantes da Feira Anual de Nashkel. Infelizmente, somos um grupo de pessoas que há pouco tempo iniciamos esse negócio e os nobres daqui queriam nos impor taxas de impostos altas para vendermos nossa cerveja.
Os ouvidos de Justin e Androvani ficaram levemente ensurdecidos depois do uivo de desaprovação da multidão. Decidiram se aproximam mais para ouvir melhor.
-...cerveja e comida gratuita para todos que nos acompanharem. Temos tendas prontas para receber vocês no monte Nashkel, acompanhem nossos membros. Não vão se perder no bosque e perder a festa. Ela será inesquecível.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O Mundo de Florentis

Arte de Neal Hanson
Boa Noite!

Nos próximos meses, estaremos dedicando uma parte do site para o material do meu futuro mundo de fantasia e também de uma futura campanha de RPG, provavelmente com o sistema D&D Next, mais conhecido como Sistema Dungeons and Dragons 5º Edição.

Aqui, espero nos próximos meses rechear esse espaço com histórias, contos, descrições, verbetes sobre História, Cidades, Regiões, Personagens Importantes e vários outros assuntos relacionados ao mundo de Florentis.